
Google for Startups lança pesquisa sobre o impacto e o futuro da Inteligência Artificial no Brasil
57% das startups entrevistadas acreditam que a falta de mão de obra qualificada é o que mais prejudica o desenvolvimento da tecnologia no país. Regulação incipiente, fuga de talentos e pouca diversidade também estão entre os desafios mapeados pelo relatório
São Paulo, 19 de outubro de 2022 - O Google for Startups, em uma iniciativa conjunta com a Abstartups e a Box1824, anuncia o lançamento de um estudo inédito sobre Inteligência Artificial no Brasil. O relatório "O Impacto e o futuro da Inteligência Artificial no Brasil" traz uma radiografia sobre as principais dores e soluções necessárias para o desenvolvimento desta tecnologia no país.
A pesquisa analisa a perspectiva das startups quanto ao futuro da I.A. no Brasil, além de apontar através de entrevistas em profundidade como ações regulatórias e a participação de empresas já consolidadas auxiliam no desenvolvimento desse ecossistema. Um exemplo analisado pelo material é a falta de mão de obra qualificada. Em geral, 57% das entrevistadas para o estudo acreditam que o déficit é o que mais prejudica o desenvolvimento da tecnologia no Brasil.
"Quando falamos de Inteligência Artificial, estamos tratando de um setor que deve gerar 13 trilhões de dólares no mundo até 2030. Para se ter uma ideia do mercado nacional, cerca de 2,4 bilhões de dólares investidos em tecnologia na América Latina foram direcionados para o Brasil em 2020. O país é um campo aberto para o fomento de uma I.A. única no mundo e as dimensões continentais possibilitam explorar um mercado grande e com um ecossistema ainda em desenvolvimento", analisa André Barrence, diretor do Google for Startups para a América Latina.
A pesquisa mapeou, através de mais de 10 entrevistas em profundidade e 700 empresas participantes, o cenário e as perspectivas da Inteligência Artificial, considerando o potencial da tecnologia, a educação tecnológica e a questão da diversidade e inclusão relacionada ao desenvolvimento desta tecnologia no Brasil, além dos principais desafios do mercado e formas de solucioná-los.
A seguir, um resumo de alguns dos temas abordados no relatório:
Cenário regulatório incipiente
As startups ainda têm baixo conhecimento regulatório, ou seja, há poucas diretrizes que determinam os caminhos evolutivos que a Inteligência Artificial pode ou não seguir no país, sem que os direitos humanos sejam infligidos. Há discussões que já estão sendo levantadas, como o Marco Legal da Inteligência Artificial (PL 21/20), no entanto, a inserção das empresas de tecnologia nesses debates ainda é baixa.
A pesquisa aponta que:
- Apenas 4% das startups entrevistadas afirmam conhecer o PL 21/20;
- 16% assumem que não conhecem nada ou quase nada sobre o mesmo PL.
- 43% acreditam que uma regulação a partir do PL 21/20 é muito ou extremamente importante para o desenvolvimento da categoria no Brasil
“Precisamos trazer para o debate o presente e o futuro da Inteligência Artificial no Brasil. Para além dessa discussão regulatória, precisamos incentivar a participação de startups e de gigantes da tecnologia nesses debates, afinal, na prática, eles são os experts no assunto. Essa coparticipação entre o público e o privado é necessária para que não tenhamos uma regulamentação vazia”, defende André Barrence.
Análise do mercado nacional
As soluções de Inteligência Artificial oferecidas pelas empresas no Brasil são em grande parte voltadas para o B2B e não para o consumidor final (B2C). Isso faz com que o tema não seja amplamente massificado e reconhecido pelos usuários na ponta.
Nesse sentido, alguns insights extraídos do relatório são:
- As empresas possuem poucas soluções B2C, o que pode dificultar um conhecimento maior sobre I.A. pela população no Brasil;
- 85,7% das empresas entrevistadas são voltadas para B2B;
- Do ponto de vista de oportunidades, por exemplo, mais de 365 milhões de dólares foram captados por empresas de I.A. em 2020 no Brasil;
- 41% dos entrevistados gostariam que existissem cursos que formassem mais talentos em I.A. com capacidade de pensar fora da caixa.
- 33% das startups entrevistadas acreditam que a inexistência de uma cultura de dados limpos e organizados no Brasil é o que mais prejudica o crescimento da I.A. no país.
"Só agora conseguimos ter o poder computacional para entender como a Inteligência Artificial pode ser aplicada. Com ela, as pessoas são mais produtivas e geram mais riquezas com menos input, o que as libera para cuidar dos outros, ser criativas e pensar em problemas mais fundamentais do ser humano que a máquina nunca vai conseguir fazer", defende Luis Nogueira, CEO da CyberLabs, uma das startups participantes do levantamento.
Educação e conscientização dos futuros profissionais
Ainda falta mão de obra qualificada para trabalhar com tecnologia e desenvolver projetos de I.A. no país. Além disso, os brasileiros não contam com uma educação tecnológica adequada para manusear produtos mais técnicos, e para os poucos que conseguem aprender e se adaptar, existe uma questão de fuga de talentos para outros países, com frentes acadêmicas e perspectivas profissionais que, em geral, são mais atrativas.
Dados da pesquisa apontam que:
- 71% das startups concordam que existem pouquíssimos exemplos de profissionais bem sucedidos em tecnologia no geral;
- 37% acreditam que a fuga de capital humano é o que mais prejudica o crescimento da I.A. no país;
- 41% acreditam que educar e conscientizar o mercado sobre I.A. é o mais importante para o futuro da tecnologia no país;
- 27% percebem que clientes não valorizam o produto ou serviço de I.A.
"No mercado, todo mundo fala que fez e que sabe o que é I.A, mas na verdade ainda estamos tateando as possibilidades do assunto. Na Neomed, demorou muito para entendermos o que ela era, o que podia fazer e sua eficiência operacional. Eu acho que é muito confuso na cabeça das pessoas o real valor dessa tecnologia", opina Bruno Farias, co-fundador da Neomed, uma das startups participantes do levantamento.
Diversidade, equidade e inclusão
A diversidade dentro das empresas tem um potencial grande de fomento à inovação e na construção de soluções pioneiras em I.A. Para isso, é necessário ter equipes multiculturais (seja de raça, sexo, cultura, geografia, etc...), uma vez que a diversidade pode ser uma estratégia de inovação para as empresas. Hoje, segundo o relatório, as empresas que desenvolvem Inteligência Artificial no Brasil ainda são muito homogêneas - seja no âmbito de distribuição regional ou no perfil do time fundador e pessoas colaboradoras.
Nesse tópico, o estudo traz os seguintes números:
- O mercado de I.A. ainda está muito concentrado no Sul e Sudeste. São Paulo abriga 51,9% desses negócios;
- 49% não têm mulheres em cargos de liderança;
- 61% não têm negros em cargos de liderança;
- 71% não têm LGBTQIAPN+ em cargos de liderança;
- 90% não têm pessoas com deficiência em cargos de liderança.
"O meu time é a banda de dados mais diversa da Gupy, com 40% de mulheres. É raríssimo, mas a maioria é cientista de dados. Na questão de idade, a gente vai dos 24 até os 42, tem uma pessoa com deficiência e 15% são negros. A gente contrata porque entende que para ter modelos representativos, nosso time precisa ser representativo. Essa visão para a gente é prioridade", conta Bianca Ximenes, head de Inteligência Artificial da Gupy, uma das startups participantes do levantamento.
Metodologia: Para este estudo, foram mapeadas mais de 700 empresas que trabalham e desenvolvem I.A. no Brasil, em maio de 2022. O material também inclui pesquisas quantitativas realizadas pela própria Box1824, Distrito Inteligência Artificial Report e do estudo encomendado pelo Google ao The Economist.
A pesquisa completa pode ser conferida
aqui.
Para mais informações, entre em contato conosco:
gfs@smartpr.com.br
Sobre o Google for Startups
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